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Musk deixa governo com menos de 10% do prometido

Bilionário entrega cargo na istração do presidente Donald Trump dois dias antes do previsto

  • Foto do(a) author(a) Donaldson Gomes
  • Donaldson Gomes

Publicado em 31 de maio de 2025 às 05:00

Inseparáveis na eleição, Elon Musk e Donald Trump vão seguir caminhos diferentes agora Crédito: Reprodução 

Os 128 dias de Elon Musk no governo Trump podem ser analisados por diversos ângulos. Os aliados do bilionário irão dizer que o período foi bem sucedido, enquanto os seus opositores podem falar que ele deixou a desejar. Um olhar crítico vai dizer que o empresário entregou pouco mais de 10% da economia de US$ 2 trilhões que prometeu, mas uma análise mais complacente apontará para o fato de que US$ 169 bilhões é muito dinheiro – o equivalente a R$ 915 bilhões. De algum modo, os dois lados têm razão.

Na última quarta-feira (dia 28), foi o próprio Musk quem fez uma avaliação negativa em relação aos gastos do governo, ao anunciar a saída do Departamento de Eficiência Governamental (Doge). Ele disse estar “decepcionado” numa entrevista à rede de TV CBS. “Fiquei decepcionado ao ver esse projeto de gastos massivo, que aumenta o déficit orçamentário, em vez de reduzi-lo”, afirmou. Dois dias depois, na última sexta-feira (dia 30), Musk teve que retornar aos holofotes, desta vez ao lado de Trump.

Numa declaração conjunta, direto do Salão Oval, o escritório do presidente Donald Trump na Casa Branca, o tom foi outro. O empresário afirmou que a economia gerada pelo trabalho dele no Doge vai chegar a US$ trilhão. Trump elogiou o trabalho do bilionário no governo e deixou as portas abertas para um retorno no futuro, embora as notícias mais recentes fossem de que os dois não vinham se dando bem.

Musk apareceu na entrevista com o olho direito roxo, mas garantiu que a situação não teve nenhuma relação com a sua saída do governo, nem com nenhuma visita à França, numa alusão ao tapa que o presidente Emmanuel Macron recebeu da esposa, Brigitte. Segundo o empresário, o machucado foi causado pelo filho de cinco anos, durante uma brincadeira. “Eu disse para ele: 'Vai e me dá um soco na cara' e ele deu”, afirmou.

“Elon trabalhou incansavelmente ajudando a liderar o programa de reforma governamental mais abrangente e consequente em gerações”, disse Trump, usando um boné preto do Doge e uma camiseta com os dizeres “The Dogefather” no estilo do filme “O Poderoso Chefão” (“The Godfather”, na sigla em inglês).

Segundo o presidente, o dono da Tesla ainda deve voltar a figurar no governo. “Ele não vai embora de verdade, vai ficar indo e voltando”, afirmou, levantando uma hipótese que pode estar deixando preocupados a chefe de gabinete Susie Wiles e o vice-chefe Stephen Miller, que viram nas declarações de quarta-feira um rompimento do bilionário com o governo.

Em relação ao próprio futuro, os planos de Elon Musk estão em outra direção. Ele disse que pretende dedicar-se às suas empresas e reduzir os gastos com política. Em 2024, ele aportou quase US$ 300 milhões na campanha de Trump.

Uma análise publicada pela Reuters a respeito dos gastos das 19 agências governamentais que se tornaram alvos do Doge encontrou uma redução de gastos ainda menor do que a de US$ 160 milhões apontada pelo governo. Segundo a agência, os cortes teriam sido, na realidade, de US$ 19 bilhões, apesar da carta branca que ele recebeu de Trump.

A aproximação entre Musk e Trump começou ainda na campanha eleitoral. Além dos recursos para financiar a disputa, o bilionário dono da Tesla fazia questão de rasgar elogios ao candidato, que retribuiu com o convite para o governo. É verdade que o divórcio entre eles se deu apenas a dois dias do prazo final para a saída de Musk – que só poderia ficar por 130 dias no cargo –, mas a despedida foi bastante discreta, se comparada com a chegada barulhenta do empresário à política partidária.

Tal qual um casamento tradicional, a relação entre Trump e Musk vinha se desgastando dia após dia. Logo na posse, o bilionário fez um discurso acalorado e subiu ao palco, causando polêmica no final por fazer um gesto que foi comparado a uma saudação nazista. Em seguida, ameaçou retaliar senadores que não apoiassem os indicados de Trump, segundo reportagem da revista Time.

Aos poucos, as aparições de Musk ao lado de Trump foram se tornando mais raras. Em abril, o presidente negou que estivesse pensando em antecipar a saída do bilionário, mas parte dos aliados reclamam reservadamente que o bilionário estava se tornando um fardo por conta de sua imprevisibilidade. No dia 7 de abril, o jornal “The Washington Post” revelou que Musk estava pressionando Trump a reverter o “tarifaço” contra outros países. Além disso, o empresário chamou Peter Navarro, um dos assessores mais próximos de Trump na área econômica, de “idiota”.

Foi neste cenário que Trump ou a dizer que o apoiador poderia ficar o tempo que quisesse, mas que já estava com vontade de voltar para casa. E assim foi.

Talvez, Elon Musk tenha pecado ao criar uma expectativa elevada demais: cortar US$ 2 trilhões de um orçamento de US$ 6,3 trilhões. Pode ser que tenha se confundido em relação ao sentido das expressões. Ser eficiente e reduzir gastos não são sinônimos. Parte das críticas são feitas justamente porque os cortes não fizeram o governo funcionar melhor.