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Yan Inácio
Publicado em 1 de junho de 2025 às 13:00
Nos últimos anos, medicamentos como Mounjaro e Ozempic surgiram como alternativas para diminuição de peso rápida e sem suor. As canetas emagrecedoras, originalmente usadas para tratar diabetes, podem causar efeitos colaterais indesejáveis e um deles é a queda de cabelo, que em alguns casos pode evoluir para um quadro de alopecia ou calvície. Mas por que isso acontece? >
A queda de cabelo não está relacionada diretamente à ação farmacológica do medicamento, mas sim à rápida perda de peso e às deficiências nutricionais associadas ao processo. “Muitas vezes, os pacientes perdem peso muito rapidamente e dificilmente associam o início da medicação à queda de cabelo, mas essa relação é bem estabelecida na literatura médica. O quadro ocorre após um estresse metabólico intenso, como dietas muito restritivas ou emagrecimento acelerado”, afirma a dermatologista Laura Andrade, da Clínica Skincare.>
A matriz capilar é uma das estruturas mais metabolicamente ativas do corpo e, diante da privação energética, é uma das primeiras a sofrer. O organismo entende que, para sobreviver, precisa economizar energia e interromper temporariamente a produção de novos fios.>
O fenômeno, segundo a médica, é fisiológico e já foi observado em outras situações, como pós-parto, pós-cirúrgico ou em períodos de privação alimentar. Quando o corpo percebe uma redução drástica de energia, ele prioriza funções vitais e coloca em repouso estruturas consideradas menos essenciais, como os folículos capilares.>
“O padrão mais comum é a queda difusa, em que o paciente percebe uma perda de densidade dos fios em todo o couro cabeludo, sem áreas totalmente calvas, mas com o cabelo visivelmente mais ralo”, detalha a dermatologista, também membro da comissão da Sociedade Brasileira de Dermatologia da Bahia (SDB-BA).>
A boa notícia é que, na maioria dos casos, a queda de cabelo é reversível após a estabilização do peso e a correção das deficiências nutricionais. O processo de recuperação pode levar de nove meses a um ano, especialmente em pessoas com cabelos longos. No entanto, pacientes com predisposição genética podem não recuperar totalmente a densidade capilar anterior ao uso do medicamento.>
Para quem pretende iniciar o tratamento com esses medicamentos, é recomendada uma avaliação dermatológica prévia, especialmente para identificar doenças de base que possam agravar o quadro. O acompanhamento nutricional também é fundamental, evitando restrições alimentares severas e períodos prolongados de jejum.>
“É importante monitorar sinais de alerta, como queda de cabelo volumosa, dor ou ardência no couro cabeludo, e histórico familiar de calvície. Caso esses sintomas apareçam, o ideal é procurar um dermatologista o quanto antes”, orienta Laura Andrade.>
Ela reforça que o uso dessas medicações deve ser sempre feito sob prescrição e acompanhamento médico. “A automedicação é perigosa e pode trazer consequências graves não só para a saúde capilar, mas para o organismo como um todo. O emagrecimento saudável deve ser gradual e multidisciplinar, priorizando sempre o bem-estar global do paciente”, conclui.>