Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Carol Neves
Publicado em 6 de junho de 2025 às 08:14
Uma juíza federal dos Estados Unidos suspendeu temporariamente a ordem assinada pelo presidente Donald Trump que impedia a Universidade de Harvard de receber estudantes estrangeiros. A decisão, tomada nesta quinta-feira (5) pela juíza Allison Burroughs, bloqueia a proclamação presidencial até que o processo judicial entre a universidade e o governo seja concluído. >
A medida judicial, uma ordem de restrição temporária com duas páginas, foi emitida após Harvard entrar com recurso alegando que a medica causaria dano tanto à instituição quanto aos estudantes afetados. A proclamação presidencial, assinada um dia antes, vetava a presença de alunos estrangeiros com base em supostas ameaças à segurança nacional.>
No mês anterior, a mesma juíza já havia barrado outra tentativa da Casa Branca de proibir Harvard de matricular estrangeiros, que hoje representam mais de 25% do corpo discente da instituição. A universidade atualizou sua petição judicial para incluir a nova ordem, sustentando que o governo estava desrespeitando a decisão anterior.>
Na manifestação à Justiça, Harvard destacou: “A proclamação nega a milhares de estudantes de Harvard o direito de vir a este país para buscar sua educação e seguir seus sonhos, e nega a Harvard o direito de ensiná-los. Sem seus estudantes internacionais, Harvard não é Harvard.”>
Ao mesmo tempo, Burroughs prorrogou uma restrição temporária anterior, de 23 de maio, contra limitações impostas à matrícula de estudantes internacionais na instituição.>
Casa Branca reage>
Em reação à decisão judicial, a porta-voz da Casa Branca, Abigail Jackson, intensificou os ataques à universidade, classificando Harvard como “um foco de agitadores antiamericanos, antissemitas e pró-terrorismo”, acusações que a instituição nega.>
“O comportamento de Harvard comprometeu a integridade de todo o sistema de vistos para estudantes e visitantes de intercâmbio nos EUA e representa um risco à segurança nacional. Agora, deve enfrentar as consequências de suas ações”, disse Jackson em comunicado oficial.>
A proclamação de Trump justificava o veto com base em alertas do FBI sobre o uso indevido de instituições de ensino por adversários estrangeiros para roubar dados, explorar pesquisas e disseminar desinformação. A Casa Branca também acusou Harvard de falhas na comunicação com o Departamento de Segurança Interna (DHS) e de ter recebido US$ 150 milhões da China, alegando que a universidade manteve vínculos com militares chineses e participou de pesquisas potencialmente voltadas à modernização das Forças Armadas do país asiático.>
No dia 29 de maio, o DHS havia notificado Harvard da intenção de revogar sua certificação no Programa Federal de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio, exigida para manter alunos e professores estrangeiros em seus quadros.>
Paralelamente, o governo americano suspendeu temporariamente a emissão de vistos de estudo. Uma ordem interna enviada a consulados dos Estados Unidos em todo o mundo, incluindo o Brasil, determinou a paralisação de entrevistas com candidatos. A Embaixada dos EUA no Brasil também começou a orientar estudantes a buscar informações com os consulados locais.>