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Elis Freire
Publicado em 2 de junho de 2025 às 19:56
Recentemente, um caso chamou atenção nas redes sociais para o preconceito ainda presente em relação a pessoas soropositivas, ou seja, que portam o vírus do HIV. Um cozinheiro chamado Djair Gomes relatou aos seguidores que vive com o vírus e acabou sendo demitido do restaurante que trabalhava. Ele, então, começou a vender comida por aplicativo, mas recebeu ataques de sorofobia (preconceito contra pessoas com HIV) de pessoas que diziam ter medo de comer alimentos entregues por ele. >
O CORREIO conversou com o médico infectologista Fábio Amorim para esclarecer sobre as formas de transmissão dos vírus e derrubar os mitos sobre este agente infeccioso que ainda carrega um estigma.>
O médico explicou que existem apenas duas formas de transmissão do HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana - que pode gerar a AIDS - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida: acidentes perfurocortantes e sexo desprotegido. Ou seja, o vírus pode ser adquirido caso haja um compartilhamento de materiais perfurantes com um portador que não esteja em terapia ou relação sexual sem camisinha também com uma pessoa não tratada. >
Fábio deixou claro que não há transmissão pelo ar, contato físico, nem mesmo saliva. “O vírus não sobrevive em superfícies e não sobrevive na saliva”, ressaltou o infectologista. Sendo assim, a transmissão também não acontece pela comida, mesmo caso o sangue caia no alimento e seja ingerido acidentalmente, já que o vírus não sobrevive em um ambiente externo. >
Há uma confusão entre o que é HIV e o que é AIDS. Porém, o profissional que são duas siglas para questões distintas. “AIDS é o conjunto de sinais e sintomas que caracterizam a síndrome. Ser portador do HIV a pessoa possui o vírus mas o mesmo é controlado com uso dos antirretrovirais. Neste último caso, são pessoas sadias porém portadoras do vírus sem doença ativa”, explica Fábio.>
Apesar de hoje as opções de tratamento serem abrangentes, é importante manter medidas para se proteger de contrair a AIDS. O infectologista elencou algumas delas: “Sexo seguro, não compartilhar materiais perfurocortante e educação para saúde".>
O tratamento para HIV é feito com medicamentos antirretrovirais, como a lamivudina, tenofovir, dolutegravir e efavirenz, que são fornecidos gratuitamente pelo SUS e devem ser tomados de acordo com as orientações do médico. Eles atuam impedindo a replicação do vírus no organismo, podendo deixar a pessoa inclusive indetectável, ou seja, com uma quantidade tão baixa de vírus que laboratórios padrões não conseguem detectar e a transmissão deixa de acontecer. "Hoje temos terapia altamente eficazes e com poucos efeitos colaterais", garante.>
Por fim, Amorim afirmou que "o maior problema do portador de HIV é o preconceito", alertando as pessoas sobre a importância de se conscientizar sobre o vírus. Com os tratamento adequados, o especialista garante: "É possível viver de absolutamente normal com perspectiva de longevidade semelhante a qualquer outra pessoa".>
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