Quem é Nelson Tanure, empresário baiano que fez oferta para comprar a Braskem?

A Braskem divulgou manifestação do seu acionista controlador Novonor (ex-Odebrect), em que confirma o recebimento de proposta do empresário baiano Nelson Tanure pelo controle da companhia. O comunicado foi enviado ao mercado nesta sexta-feira, 23 de maio.

A Braskem disse que, em função de notícias veiculadas na mídia a respeito do processo de venda da companhia, solicitou prontamente esclarecimentos à Novonor, que informou o seguinte:

“A Novonor S.A. Em Recuperação Judicial vem comunicar a V.Sas. que recebeu, nesta data, proposta não vinculante enviada pelo Petroquímica Verde Fundo de Investimento em Participações Multiestrategia, veículo de investimentos detido pelo empresário Nelson Sequeiros Tanure, envolvendo as ações de emissão da NSP Investimentos S.A., e celebrou obrigação de exclusividade para a negociação dos termos e condições da Proposta.”

“Nos termos descritos na Proposta, com a transferência das Ações NSP Inv., o Fundo pretende se tornar titular indireto de participações societárias que representem o controle da Braskem S.A..”

“A Proposta está sujeita a avaliações e confirmações usuais em transações dessa natureza e segue sob análise da Novonor. Dentre outras condições às quais a Proposta está sujeita, destacam-se (i) o cumprimento das obrigações assumidas pela Novonor em relação à Petrobras no âmbito do Acordo de Acionistas da Braskem; e (ii) a conclusão de maneira satisfatória de negociações com os bancos detentores das alienações fiduciárias das ações da Braskem detidas indiretamente pela Novonor.”

“A Novonor manterá a Braskem informada sobre eventuais avanços materiais nas discussões relacionadas à Proposta para que possa adotar as providências cabíveis em observância à lei societária e regras de governança aplicáveis.”

“Permanecemos à disposição para eventuais esclarecimentos. Atenciosamente, Novonor S.A. Em Recuperação Judicial.”

A Braskem disse que, “conforme informado previamente, não participa das negociações de eventual transação de suas ações sob propriedade de terceiros, buscando de forma diligente esclarecimentos junto aos seus acionistas signatários do Acordo de Acionistas potencialmente envolvidos em alguma transação acionária.”

Ação dispara

A ação da Braskem (BRKM5) fechou em forte alta, em meio a notícia de que o empresário Nelson Tanure teria apresentado à Novonor (ex-Odebrecht) uma proposta de compra do controle da petroquímica. No fechamento o papel avançou 9,15%, a R$ R$ 11,09.

A informação foi dada primeiramente pelo colunista Lauro Jardim, de O Globo. Posteriormente, Reuters e Valor Econômico também informaram sobre a oferta, citando fontes.

Atualmente, a Novonor (antiga Odebrecht) detém 38,3% do capital total e 50,1% das ações com direito a voto da Braskem, enquanto 36,1% e 47,0% está com a Petrobras e os 25,5% e 2,9% restantes está nas mãos de Outros, incluindo 27 ações PNA em tesouraria. No entanto, qualquer mudança no controle da companhia precisa ser negociada também com os principais bancos credores: Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e BNDES.

As conversas indicam que a participação da Odebrecht deve ser reduzida para cerca de 3% a 5%.

Quem é Nelson Tanure?

Nelson Sequeiros Rodriguez Tanure nasceu em Salvador, Bahia, em 1951. Filho de um comerciante libanês, ele deixou sua cidade natal ainda jovem para trilhar carreira no Rio de Janeiro.

Sua reputação foi construída em torno da aquisição de empresas falidas ou endividadas, que ele tenta recuperar por meio de reestruturação financeira e novos investimentos.

Seu portfólio inclui participações em empresas como Oi, Gafisa, Light e diversas companhias no setor de petróleo e infraestrutura. Além disso, Tanure se destaca por sua discrição e por atuar através de fundos de investimento, como a Société Mondiale e a gestora WTN.

Como Nelson Tanure ficou rico?

Nelson Tanure acumulou fortuna ao adquirir empresas em dificuldades e transformá-las em ativos valiosos.

Seu primeiro grande negócio foi com a Sequip, na década de 1980, uma empresa de serviços de engenharia voltada para a indústria de petróleo. Na sequência, investiu no setor naval ao adquirir o estaleiro Verolme, que estava em concordata.

Nos anos 2000, Tanure ampliou sua atuação para o setor de comunicação, comprando o tradicional Jornal do Brasil e arrendando a Gazeta Mercantil.

Na área de telecomunicações, ele realizou uma operação de sucesso ao adquirir a Intelig por R$ 10 milhões e revendê-la posteriormente para a TIM por cerca de R$ 650 milhões.

Outro destaque foi sua entrada na Oi em 2016, durante um dos maiores processos de recuperação judicial do país.

A empresa enfrentava R$ 64,5 bilhões em dívidas, mas Tanure apostou em sua reestruturação, fortalecendo sua imagem de investidor arrojado.

Nelson Tanure e sua paixão pela música clássica

Além de sua atuação no mundo dos negócios, Nelson Tanure mantém uma forte ligação com a música clássica e a ópera.

Ele já ocupou o cargo de vice-presidente da Orquestra Sinfônica Brasileira, contribuindo para o fomento da cultura no Brasil.

Esse interesse pela arte revela um lado mais pessoal do empresário, destacando sua conexão com o universo cultural mesmo em meio a uma trajetória marcada por investimentos ousados e polêmicos.