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Processos judiciais, negativa de atendimento e humilhação: a rotina de quem precisa do Planserv

Usuários do plano de saúde estadual reivindicaram melhorias durante audiência pública na Alba, na última terça-feira (27)

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 28 de maio de 2025 às 05:00

Servidores públicos protestam por melhorias no Planserv
Servidores públicos protestam por melhorias no Planserv; na foto, a servidora pública Eliane Machado Crédito: Larissa Almeida/CORREIO

Os servidores públicos baianos dependentes do Plano de Saúde dos Servidores Públicos Estaduais da Bahia (Planserv) há anos enfrentam problemas na hora da utilização do benefício. Quando não são recepcionados na porta dos hospitais por seguranças que se apressam a afirmar que a instituição não atende o Planserv, são variados os desafios para conseguir assistência médica, que não raro inclui negativas de médicos. Na tentativa de garantir o direito à saúde, acumulam-se processos judiciais contra o Estado e sobram humilhações para quem precisa dele.

A ex-servidora Eliane Machado, 66 anos, é uma das vítimas do mau funcionamento do Planserv. Moradora de Ilhéus, no sul da Bahia, desde 2023 ela faz viagens constantes para Salvador porque os hospitais credenciados da cidade em que vive não oferecem o atendimento necessário para o quadro de saúde delicado que ela tem.

“Há quase dois anos eu tenho que vir para Salvador para fazer consultas porque em Ilhéus não tem médicos, mas também estou encontrando dificuldades aqui. Fui até o Hospital Santa Izabel para tentar fazer a histerectomia [cirurgia de retira do útero] que preciso, mas não consegui. Agora, consegui marcar a cirurgia para junho, mas vou ter que pagar. Estou apertando o orçamento e renunciando algumas coisas para cuidar da saúde. É um descaso. Estamos humilhados”, afirma.

Por causa de situações semelhantes à de Eliane, centenas de servidores públicos se reuniram na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (Alba), nesta terça-feira (27), para discutir os problemas do Planserv e reivindicar melhorias em uma audiência pública, que contou com a presença de deputados, vereadores e membros da sociedade civil.

Entre as principais demandas, estão o fim do processo de privatização do plano de saúde – atualmente, é operado por uma empresa privada, sendo que antes era istrado pela Secretaria da istração (Saeb) –, aumento da participação do governo no custeio do plano para 5%, o que representa o dobro do que está em vigor hoje, e a ampliação da rede credenciada e das cotas de atendimento.

Servidores públicos protestam por melhorias no Planserv por Larissa Almeida/CORREIO

Rosângela Monteiro, 59, enfermeira estadual e líder do movimento ‘Devolvam o Nosso Planserv’, que convocou a audiência pública em questão, conhece as dificuldades de parte dos servidores públicos estaduais. Ela afirma que os idosos são os mais afetados porque são os que mais procuram as emergências médicas e precisam lidar com os nãos.

“Os atendimentos estão sendo negados nos momentos que eles precisam. As emergências do Hospital Santa Izabel e do Hospital Português estão fechadas para nós em razão também das cotas. Nenhuma instituição boa e de alta complexidade está nos atendendo. Temos o Agenor Paiva, que é um hospital de pequeno porte na Cidade Baixa, mas também estamos tendo negativas. Hoje, soube que até quem paga apartamento não está tendo direito a isso nos hospitais”, desabafa.

Segundo Rosângela, no Hospital de Brotas a situação é ainda mais complexa. “A engenharia hospitalar não funcionou ali e a assistência médica de enfermagem é precária. No final, o que eu vejo é um descaso do governo e de vários órgãos que não estão nos assistindo”, acrescenta.

Rosângela Monteiro, líder do movimento 'Devolvam o Nosso Planserv' Crédito: Larissa Almeida/CORREIO

A própria Rosângela já precisou de atendimento do Planserv para tratamento de uma inflamação decorrente de artrose e outras complicações, mas ficou desassistida. Quando levou caso à justiça, ouviu o que considerou desaforo. “O procurador do Planserv disse que se eu não estava satisfeita com o plano, eu tinha liberdade para trocar. Achei isso um insulto, porque desde meu primeiro ano de vida tenho esse plano. Antes, como dependente do meu pai, que era militar. Desde 1992, como titular”, pontua.

Desde que o Hospital da Bahia deixou de atender usuários do plano de saúde oferecido pelo estado, a servidora aposentada Elizabeth Oliveira, 72, conta que ou a se tornar mais frequente a recusa de clínicas que, no rodapé das portas e dos balcões de atendimento, já deixa exposto o comunicado ‘Não aceitamos Planserv’.

“Precisamos, inclusive eu, que esses hospitais voltem, porque estamos perdendo muitos colegas. No Hospital de Brotas, idosos que chegam às 8h só são atendidos às 16h, e quem vai fazer colonoscopia precisa ficar 24h em jejum. Está difícil, e nós não somos inadimplentes. Queremos nosso plano de saúde como era antes”, reivindica.

A servidora aposentada da Secretaria de Saúde (Sesab) lida há anos com uma lesão na medula e enfrenta um transtorno toda vez que recorre a atendimentos pelo plano. “Tive acidente de trabalho e fiquei com hérnia de disco em toda a coluna. Estava sendo acompanhada algum tempo por uma médica no atendimento ambulatorial, mas quando eu estava com dor grau dez ela me internava no Hospital Santa Izabel”, narra.

“Quando foi cortado o convênio com o hospital, deixei de ter o a ela e, depois de reclamações, me encaminharam para um médico em Cajazeiras, sendo que moro na região do Rio Vermelho. Imagine que, toda vez que eu sentia dor, tinha que me deslocar para apenas uma consulta, porque eu não ava pela clínica de dor. ei a me recusar a ir e sigo atrás da minha médica, porque faltam especialistas em muitas instituições de saúde. Os médicos não querem atender porque o que ganham é muito pouco. Essa é nossa situação”, lamenta e finaliza Elizabeth.

O CORREIO procurou o Planserv para obter um posicionamento a respeito das reclamações dos beneficiários e saber sobre quais hospitais e clínicas deixaram de atender pelo plano nos últimos sete anos. Também buscou saber sobre quantos hospitais estão credenciados para atendimento e se há previsão de melhorias no serviço. Não houve resposta.