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Crises e queda na popularidade colocam reeleição de Lula em xeque

Especialista diz que presidente da República perdeu o favoritismo na eleição do próximo ano

  • Foto do(a) author(a) Rodrigo Daniel Silva
  • Rodrigo Daniel Silva

Publicado em 7 de junho de 2025 às 05:00

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Presidente Lula sofre com queda de popularidade Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

No início, Lula afirmava que não disputaria a reeleição. No entanto, tão logo reassumiu a Presidência, ou a se declarar “candidatíssimo” a um novo mandato em 2026 - o que seria o quarto de sua trajetória política. A intenção, porém, esbarra em uma série de crises e em uma recuperação econômica que ainda não chegou ao dia a dia da população. Se nada mudar, Lula corre o risco de repetir o feito - ou o fracasso — de Jair Bolsonaro (PL), que se tornou o primeiro presidente, desde a instituição da reeleição no fim dos anos 1990, a não conseguir renovar o mandato.

Uma pesquisa do instituto Quaest divulgada nesta semana mostra os desafios: 57% dos entrevistados reprovam o governo Lula, e 66% são contra sua reeleição. O levantamento, encomendado pela Genial Investimentos, ouviu 2.004 brasileiros com 16 anos ou mais entre os dias 29 de maio e 1º de junho.

Para o jornalista e analista político Thomas Traumann, autor de 'Biografia do Abismo', o cenário eleitoral de 2026 está em aberto, com chances reais de vitória para candidatos da direita, como os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil).

“Eu sou muito cauteloso nessas afirmações, mas Lula deixou de ser o favorito e é nesse tom de gravidade que o Palácio (do Planalto) está entendendo isso aqui. Por quê? Tanto Tarcísio, quanto (Romeu) Zema (governador de Minas Gerais), como (Ronaldo) Caiado, são pessoas ainda desconhecidas no Brasil. 40% dos brasileiros não sabem quem é Tarcísio de Freitas, e, mesmo assim, quando colocado o nome ‘Tarcísio de Freitas’, ele aparece empatado com o presidente (Lula). Chegou-se a um mau-humor tão grande quanto ao governo que qualquer candidato que não tenha o sobrenome Bolsonaro, se chegar no segundo turno, tem chances reais de vitória”, analisou.

Em Salvador, durante o evento “SOS Brasil – Caminho para mudar a segurança pública do nosso estado”, Caiado celebrou os números.

“Estou de abril até agora, tem dois meses que entrei na pré-campanha, ei de 23% para 33%, Caiado está só esticando na frente, em uma curva ascendente”, declarou.

O cientista político e CEO da Quaest, Felipe Nunes, avalia que Lula perdeu uma de suas marcas principais: a conexão com o povo. “Há de fato uma percepção de que o presidente se desconectou da realidade, está encastelado, está distante do povo. Atributo esse que sempre foi fundamental para o Lula. Lula sempre foi um presidente próximo. Era esse atributo que o povão gostava do Lula”, disse.

Nunes afirma ainda que a imagem de Lula como “pai dos pobres” tem se desgastado. Segundo ele, o eleitorado agora enxerga o presidente como um “avô ranzinza, sisudo”. O especialista critica a comunicação do governo por não conseguir reverter essa percepção negativa.

Em entrevista ao CORREIO, o professor de comunicação política da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Wilson Gomes, apontou que a falha é mais ampla. “A comunicação governamental no Brasil é muito ruim de fazer. Por muitas razões, pode atribuir culpas a quem está no comando da comunicação, da Secretaria de Comunicação do governo, ou às suas equipes, se quiser. Mas essa responsabilidade é compartilhada com o próprio presidente, com o próprio governo”, afirmou.

Além da imagem desgastada, o governo enfrenta uma sequência de crises. Em janeiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), teve de revogar a medida que fiscalizaria transações via Pix a partir de R$ 5 mil por mês entre pessoas físicas. Depois, veio o escândalo no INSS, com desvios em benefícios de aposentados, que ainda impacta a gestão. Mais recentemente, o aumento no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) provocou um confronto com o Congresso Nacional e forçou o governo a recuar parcialmente.

Na Bahia, estado onde Lula sempre teve forte apoio, a situação também mudou. Uma pesquisa da Quaest, divulgada em fevereiro, mostrou que a aprovação do presidente despencou e sua reprovação chegou a 51% - a primeira vez que isso acontece no estado. Em 2022, ele foi o principal cabo eleitoral do governador Jerônimo Rodrigues (PT).

Para o ex-prefeito de Salvador e vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, a perda de apoio é reflexo da distância entre o governo e a vida real da população. “Enquanto o preço dos alimentos dispara, os impostos aumentam e o escândalo do INSS expõe o descaso com os aposentados, o cidadão segue pagando a conta”, afirmou.

Internamente, a oposição na Bahia já vê o cenário de 2026 como promissor. “O clima político que a gente percebe hoje no estado nos anima. Nos dá um horizonte e uma luz de um caminho promissor, e a confiança das oposições hoje é enorme para 2026”, declarou ACM Neto.